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Writer's pictureMessias Ramos Costa

Encontro destaca importância de sinais específicos para o ensino de disciplinas escolares a surdos

O I Encontro de Matemática e Ciências para as Séries Iniciais foi aberto nesta quarta-feira, 6, no Câmpus Aparecida de Goiânia



Os professores surdos Zanúbia Dada e Messias Ramos Costa atuam em estudos para o desenvolvimento de sinais-termo que consigam expressar os conceitos técnicos e científicos das palavras.


O conhecimento e a utilização de sinais específicos em Libras para o ensino das disciplinas escolares é um processo fundamental para superar obstáculos na aprendizagem de crianças surdas e favorecer a elas a compreensão dos conceitos que envolvem as palavras. A importância da criação e divulgação dos chamados sinais-termo foi enfatizada em duas palestras que marcaram, nesta quarta-feira, 6, a abertura do “I Encontro de Matemática e Ciências para as Séries Iniciais” do Instituto Federal de Goiás (IFG) – Câmpus Aparecida de Goiânia.

As palestras “A construção de sinais-termo da Língua de Sinais Brasileira: Matemática e Ciências” e “Matemática em Libras – Sinais Específicos”, foram ministradas, respectivamente, pelos professores surdos Messias Ramos Costa (mestre em Linguística e professor na Universidade de Brasília) e Zanúbia Dada (professora e pesquisadora do Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez no Mato Grosso do Sul). Os palestrantes atuam em estudos para o desenvolvimento de sinais-termo que consigam expressar os conceitos técnicos ou científicos das palavras.

 

Conceitos próprios


O professor Messias Ramos Costa explica que a formação de um sinal-termo leva em conta todas as estruturas da Língua de Sinais e que é preciso muito estudo e cuidado para sua elaboração, por não se tratar de algo imaginado, mas carregado de conceitos próprios que possam ser visualizados e compreendidos no sinal. Ele apresentou várias palavras como exemplo. Uma delas foi “humano”, que tem sinais diferentes quando se relaciona a biologia, a política ou a direitos e que precisam ser conhecidos por intérpretes e estudantes para que o ensino e o aprendizado sejam eficazes. A palavra “coração” numa aula de Biologia não pode ser expressa com o mesmo sinal do amor romântico, explicou.


A palavra “coração” numa aula de Biologia não pode ser expressa com o mesmo sinal do amor romântico, explicou o professor Messias Ramos Costa
 

A palestra ministrada pela professora Zanúbia Dada também despertou grande interesse do público presente, formado principalmente por alunos do curso de Pedagogia Bilíngue Libras-Português. Zanúbia falou dos conceitos que levam à definição dos sinais das operações matemáticas, sistemas de numeração, expressões aritméticas e outros. Ela enfatizou a importância de os estudantes valorizarem o estudo, a pesquisa, a utilização e a divulgação dos sinais-termo específicos também nessa área. Zanúbia Dada conta que existe um glossário de termos matemáticos e que ela está trabalhando nas variações regionais que ocorrem com algumas palavras, para que ele possa ser divulgado por todo o País. Ela explica que as variações precisam ser respeitadas para não confundir intérpretes e estudantes.


Superação de barreira


O “I Encontro de Matemática e Ciências para as Séries Iniciais” do IFG Aparecida foi organizado pelos professores Flávia Almeida Pinheiro e Thiago Cardoso Aguiar. Eles explicaram que a ideia de um evento para essas discussões surgiu no ano passado e foi sendo amadurecida. A professora Flávia, que ministra a disciplina “Metodologia de Ensino da Matemática” no curso de Pedagogia Bilíngue, explica que o encontro foi pensado a partir da barreira que ela encontrou para transmitir conteúdos específicos de didática e Matemática aos alunos surdos, mesmo com apoio de intérpretes. Em parceira com o professor Thiago nos estudos sobre o aprendizado de surdos, foi feito o contato com professores da Universidade de Brasília que atuam no desenvolvimento de sinais-termo para uso científico e em disciplinas escolares. “É um sonho estar aqui com vocês, pessoas que estão pesquisando na área”, falou Flávia aos palestrantes convidados.

Outros professores da Universidade de Brasília também estão participando do encontro, que prossegue até esta quinta-feira, 7. Um deles, Inácio Antônio Athayde Oliveira, é aluno do IFG no curso de Pedagogia Bilíngue EaD. Ele vai ministrar às 18 horas a oficina “Matemática Bilíngue: A construção do conceito de potenciação e radiciação”. A programação do Encontro inclui ainda mostra de pôsteres, dois minicursos e a palestra “Observação Inclusiva: a tendência ‘Do it Yourself’ para a experimentação no ensino de Ciências e Matemática”, a ser proferida pelo professor Dr. Cláudio Benite, do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás. A realização do evento conta com apoio das professoras Waléria Batista da Silva Vaz Mendes e Joana Cristina Neves de Menezes Faria, do Instituto Federal de Goiás.

A abertura do evento foi feita pelo professor surdo Diego Leonardo Pereira Vaz, do curso de Pedagogia Bilíngue do IFG. A diretora-geral do Câmpus Aparecida de Goiânia, professora Ana Lucia Siqueira de Oliveira, parabenizou os organizadores do evento e falou da importância das discussões para que os surdos tenham acesso às oportunidades de uma trajetória educacional de qualidade. Ana Lucia integrou a mesa de abertura do encontro, que foi composta também pelo chefe do Departamento de Áreas Acadêmicas, professor Eduardo de Carvalho Rezende, a coordenadora do curso de Pedagogia Bilíngue Libras-Português, professora Aleir Ferraz Tenório, e o professor do curso de Pedagogia Bilíngue e organizador do Encontro, Thiago Cardoso Aguiar.


Confira a programação completa do Encontro


Coordenação de Comunicação Social e Eventos / Câmpus Aparecida de Goiânia


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